Aprovado pelo Senado, o projeto de lei que garante adicional de periculosidade para porteiros e vigias de condomínios já cria polêmica até entre os funcionários. Caso o projeto seja aprovado também na Câmara, o empregado passará a ganhar 30% a mais e os moradores vão perceber um aumento médio de 5% no valor do condomínio, segundo estimativa das administradoras.
Para o vice-presidente do sindicato da habitação (Secovi-SP), Hubert Gebara, esse aumento não dará mais segurança nem para os porteiros nem para os moradores. "Não é só o porteiro quem corre risco (de violência, como destaca o projeto). Todos nós estamos expostos. Temos de investir na segurança do prédio, e não aumentar salários para isso", afirma, ressaltando que o gasto extra com pessoal vai ser repassado para o bolso do condômino.
Um estudo da administradora de condomínios Lello mostra que, hoje, 40% do que é pago de condomínio vai para a folha de pagamento dos funcionários. O salário base dos porteiros é de R$ 700 - e chegará a R$ 910 com o adicional de 30%. Segundo Gebara, o acréscimo pode ser irrisório para quem mora em prédios grandes, mas vai prejudicar sobretudo quem divide a conta com poucos vizinhos.
Receio. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Edifícios (Sindifício), Paulo Roberto Ferrari, acredita que a medida pode acarretar distorção nas funções do porteiro. "Se for ganhar mais para enfrentar bandido, sou contra o aumento", diz.
Nas portarias, o adicional ainda provoca dúvidas. Apesar do consenso geral de que a profissão é perigosa, há receio pelo acúmulo de funções. "Não se pode pagar porteiro para ser segurança. A maioria do pessoal não tem preparo", diz Donizete Soares, porteiro há oito anos de um prédio em Perdizes. Já para Rosailton Coelho, que cuida de uma portaria na Consolação, a segurança de um prédio depende da portaria. "Não adianta guarita blindada, câmera no portão. Nosso risco é constante", diz. Ele e o colega Raimundo dos Santos, que trabalha há seis meses em Pinheiros, ficaram felizes com a notícia do aumento. "O salário tem de ser compensador porque o trabalho exige 100% da gente."
Fontes: O Estado de S.Paulo
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